AS VITRINES

 

Eu te vejo sumir por aí, te avisei que a cidade era um vão, dá tua mão, olha pra mim, não faz assim, não vai lá, não...
Os letreiros a te colorir embaraçam a minha visão! Eu te vi suspirar de aflição e sair da sessão frouxa de rir...
Já te vejo brincando, gostando de ser, tua sombra a se multiplicar, nos teus olhos também posso ver as vitrines te vendo passar...
Na galeria cada clarão é como um dia depois de outro dia abrindo um salão, passas em exposição, passas sem ver teu vigia catando a poesia que entornas no chão...

(Chico Buarque)